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Na boléia não se conversa - Roberto Dias Borba
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- ROBERTO DIAS BORBA Joinvilense - jornalista. Filho de João Sotero Dias de Borba e Veronica Ida Borba. Casado com Vilma Ramos Borba. Pai de Ubiratan, Paulo César e Rubens. Nasci, me criei e conheci o esporte no bairro Glória - em Joinville. Três minutos, três gols era o lema do Leão do Alto da rua 15 - o Glória de tanta tradição, história e craques da bola. A minha trajetória na imprensa começou oficialmente em agosto de 1975, no extinto Jornal de Joinville. O maior período de atuação, mesmo distribuído em duas oportunidades, foi em A Notícia, por exatos 24 anos e oito meses. O
NA BOLEIA NÃO SE CONVERSA
Uma simples declaração é, muitas vezes, bem mais difícil que se pode esperar. Muitos se calam para não revelar verdades. Outros ficam mudos por não ter o que falar. E ainda tem aqueles que nem conseguem se expressar. Foi assim que sai de uma pauta com motoristas de uma empresa de transporte. A pauta era para enaltecer o dia de quem passa agarrado com a boleia de um caminhão.
O fotógrafo Peninha Machado foi fazendo seus clics. Um após o outro, eram apenas sorrisos. Todos felizes e contentes por estarem previstas suas fotos na próxima edição do informativo da empresa. Até aí tudo perfeito, mas precisei ser o estraga prazer ao mostrar meu bloco de anotações e a caneta. Foi uma espécie de cruz e a espada.
Um após o outro, só gente franzindo a testa. E teve quem bradou: "Mandaram a gente tirar foto. Aí tá legal. Mas não disseram que a gente tinha que falar". Nunca tinha conseguido frases tão curtas e acabou sendo a primeira vez que retornei para uma redação com a munição intacta. O bloco de anotações permaneceu praticamente vazio.
OLHE SEM MEDO PARA A CÂMERA
Subir a serra Dona Francisca para chegar no planalto Norte e ouvir esta pérola não tem preço. Seria mais uma esticada até uma das filiais da empresa multinacional com a utilização quase exclusiva de mão de obra feminina. Até aí nada demais. E sempre os assuntos abordados traziam as opiniões dos funcionários, obrigatoriamente com a fotografia dos respectivos entrevistados.
As tradicionais aspas, ou opiniões de quem estava sendo entrevistado, já estavam em meu bloco de anotações. Faltavam os retratos. Foi quando o trabalho do fotógrafo Ebner Gonçalves não fluiu como era esperado. Tinha saído de perto para as modelos ficarem bem à vontade com o retratista. Até que alguém não teve rapidez em entender o que o fotógrafo pretendia.
"Pode ficar com o rosto um pouco de lado, mas olhando para a câmera", era o pedido de Ebner. A solicitação foi sendo repetida, mas quem estava na frente da câmera permanecia igual a uma estátua. O fotógrafo, com sua habitual calma e gentileza, não se cansou dizer as mesmas palavras, até que a "modelo" quem acabou perdendo as estribeiras: "Você não está vendo que sou vesga!"
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Esta é uma das crônicas que fazem parte de uma futura publicação, que terá o nome de "Glória´s do Menino Jornalista", uma coletânea de textos em que relato fatos marcantes de minha vida e a trajetória no jornalismo joinvilense e catarinense. Apoiadores e patrocinadores são bem vindos. Aguardo seu contato para prestar mais detalhes.
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